Uma Igreja perseguida
- Vitor Azevedo
- 18 de jun. de 2015
- 4 min de leitura
Dias atrás vi em uma reportagem do site Aleteia a respeito da grande perseguição que os cristãos estão sofrendo nos quatro cantos do mundo (veja em: http://migre.me/qkdOv).
Esta intolerância, entretanto, não é uma novidade. É uma condição de vida a qual o cristão convive desde as origens de sua fé.
Jesus Cristo já alertava que, por crermos Nele, seriamos perseguidos por aqueles que são do mundo. Por causa de nossa fé no Cristo, os que acreditam Nele, "serão levados aos tribunais e serão açoitados com varas nas sinagogas. Serão levados diante dos governadores e dos reis" (Mt 10, 17-18).
De fato, não houve uma só fase do cristianismo em que os adeptos dessa doutrina não sofreram opressões de outras religiões, poderes políticos e de outras etnias por simplesmente acreditarem em Jesus Cristo.
A perseguição iniciou-se bem após os acontecimentos da Morte, Ressurreição e Ascensão de Cristo e, por consequência, o início da difusão do Evangelho pelos apóstolos e pelos primeiros missionários. Com crescimento da fé cristã, o mundo foi enfurecidamente focado em aniquilar os professantes do cristianismo.
Os judeus e o Império Romano, em Jerusalém, iniciaram a perseguição aos cristãos. Com a propagação de adeptos a fé cristã crescia de forma assustadora, o Império Romano aumentou as políticas de perseguição aos seus adeptos.
O medo era uma forma para intimidar a população a não se converter ao cristianismo, e os romanos não mediam esforços para impor esse terror. Em seus escritos, o historiador e político romano Tácito afirmou que os imperadores de Roma "infligiam as mais terríveis torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamados cristãos". Os primeiros cristãos eram crucificados, decapitados, jogados às feras, apedrejados, enfim, todo tipo de castigo físico e psicológico que foi possível ser realizado. Tem esse pequeno vídeo que mostra como os cristãos eram martirizados na Roma Antiga: http://migre.me/qkbU4.
No reinado do Imperador Nero, os cristãos foram culpados pelo grande incêndio de Roma, no ano 64. Como forma de hostilizá-los, o imperador trucidou os cristãos católicos daquele tempo, fazendo-os objetos de entretenimento para a população, amarrando-os para serem devorados pelas feras ou incendiando-os ainda vivos para que, ao fim do dia, servissem para iluminar a cidade romana.
Mesmo com a legalização da religião por Constantino I, no início do século IV, a perseguição à fé cristã não cessou.
Os persas os escravizaram. Os árabes os decapitavam. Os japoneses os crucificaram. Os católicos foram massacrados pelos governantes de países protestantes na campanha reformista do século XVI e presos e executados pelas políticas ditatoriais da Revolução Francesa; da União Soviética; da Revolução Mexicana; em Madagascar pelo reinado de Ranavalona I; pela Alemanha nazista; pelo Estado Islâmico; pelos governos comunistas; e em casos específicos em todos os lugares do mundo.
Segundo a estatística apresentada pelo Center for the Study of Global Christianity, do Gordon Conwell Theological Seminary, mais de 100.000 cristãos foram assassinados por ano entre 2000 e 2011 - ou 11 cristãos por hora foram mortos durante esse período.
Os mortos por causa da fé, os chamados mártires, são todos os cristãos católicos que foram perseguidos e mortos de forma violenta pelo nome de Jesus Cristo. E a história da Igreja está repleta de testemunho de mártires:
São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo no Circo de Nero (hoje, o Vaticano); São Bartolomeu foi esfolado vivo e, depois, decapitado; Santa Luzia de Siracusa teve seus olhos arrancados; São Maximiliano Maria Kolbe foi condenado a morrer de fome; Santa Eulalia foi crucificada; São João Ogilvie foi enforcado; São Bartolomeu de Cervere foi morto pelos ferimentos de diversas adagas; Santa Bárbara teve os seios cortados e, depois, degolada; enfim, poderíamos falar de vários testemunhos de santos que deram a sua vida pelo Evangelho e todos não caberiam nesse artigo.
O que eles demonstram, de fato, é que o catolicismo não é uma religião branda, mas da radicalidade nos mandamentos do Senhor - e isso é algo que o mundo não aceita e persegue. Em outras palavras, como dizia São João da Cruz, "se alguém, em qualquer época, fizer do cristianismo um caminho fácil e cômodo, não lhes dê ouvido".
São Paulo, que também foi mártir da fé, nos conforta nas perseguições do mundo. Na 2ª Carta aos Coríntios, ele nos fala: "Em tudo somos oprimidos, mas não sucumbimos. Vivemos em completa penúria, mas não desesperamos. Somos perseguidos, mas não ficamos desamparados. Somos abatidos, mas não somos destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus para que também a Sua vida se manifeste em nosso corpo. Estando embora vivos, somos a toda hora entregues à morte por causa de Cristo, para que também a vida Dele apareça em nossa carne mortal."
Ainda continuando em sua carta, São Paulo no dá esperança: "Animados deste espírito de fé, conforme está escrito: Eu creio, por isto falei (Sl 115,1), também nós cremos, e por isso falamos. Pois sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, nos ressuscitará também a nós com Jesus e nos fará comparecer diante dele convosco. E tudo isso se faz por vossa causa, para que a graça se torne copiosa entre muitos e redunde o sentimento de gratidão, para glória de Deus" (2Cor 4, 8-15).
Que possamos testemunhar Cristo pela nossa fé, mesmo se o mundo nos perseguir.
Santos Mártires da Igreja, rogai por nós!
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