Católico adora imagem?

Não é de hoje que nós, católicos, somos caluniados como "adoradores de imagem", "adoradores de Maria", "idolatras de santos" e diversas outras difamações, porque cremos na comunhão eterna com os santos. Somos incansavelmente questionados a respeito dessa crença e, muitas vezes, quando interrogados, muitos católicos se frustram com a sua própria fé. Acontece que, muitos protestantes à fé católica não sabem que o culto a memória dos santos e sua veneração tem base teológica e bíblica e não é, de forma alguma, uma prática pecaminosa. Vejamos com mais detalhes.

Antes de mais nada, vamos deixar muito bem claro uma questão: Católico nenhum adora imagem ou figura de santo! Se ele o assim faz, não é católico. O fiel católico adora somente a Deus único, preconizado em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo! A dedicação que temos com os santos define-se como veneração. E existe uma grande diferença entre adoração e veneração.

"Adorar" tem a conotação de "idolatrar uma divindade" e "Venerar" (do latim veneratio) tem o objetivo de "reverenciar, fazer memória, ter grande respeito". Não somente nos seus significados, mas o sentimento por trás de cada ação direciona o que elas realmente definem.

A adoração é o estágio máximo de culto a alguma divindade. Segundo definição do Catecismo da Igreja Católica, em seu artigo 2097, "adorar é reconhecer, com respeito e submissão absoluta, o 'nada da criatura', que só por Deus existe. Adorar a Deus é, como Maria no Magnificat, louvá-Lo, exaltá-Lo e humilhar-se, confessando com gratidão que Ele fez grandes coisas e que o seu Nome é santo". O próprio Catecismo nos lembra, no artigo 2112, que "o homem que não pode acreditar em outros deuses além de Deus, que não adore outras divindades além da única".

Já a veneração é, conforme definido acima, um respeito, um carinho especial por aqueles que tiveram na terra uma vida honrada na fé. Venerar um santo é ter nele um modelo de vida a ser seguido. É enxergar nele o caminho que os fizeram a chegar à santidade. Esse carinho, entretanto, não deve ser maior que o nosso amor a Deus. Devemos sempre lembrar, Deus é o Criador de Todas as Coisas. O santo é criatura, o qual sem Deus nada pode fazer. Deus é único que pode nos salvar, santificar e capaz de realizar algum prodígio milagroso - posição que o santo nunca terá.

Vale também lembrar que, além de serem modelos a serem seguidos na terra, os santos são nossos eternos intercessores no Céu. Pedindo a intercessão do santo na terra, estamos rezando ao próprio Deus para que os nossos pedidos e preces sejam atendidos pelo Senhor através do incansável intermédio dos santos. E existem várias leituras bíblicas que atestam essa doutrina - mas sintetizo no versículo 8 do 5º capítulo do livro do Apocalipse: "Quando recebeu o livro, os quatro Animais e os vinte e quatro Anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfume, que são as orações dos santos".

Mas quanto ao uso das imagens? Bem, para aqueles que não sabem, os registros dos santos em figuras existem desde o início do cristianismo. Mas é bem no início mesmo. Prova disso são as catacumbas romanas dos primeiros séculos depois de Cristo (imagem acima). As catacumbas eram as galerias subterrâneas existentes na Roma Antiga que serviam como cemitério para os cristãos, já o cristianismo era proibido pelo Império Romano e eles deveriam, segundo a crença da época, ser enterrados separadamente. Além disso, as catacumbas serviam como ponto de encontro para a realização dos cultos e cerimônias religiosas dos cristãos.

Nas paredes das catacumbas encontram-se as primeiras figuras dos santos, como as figuras do Bom Pastor, nas catacumbas de São Calisto, e a de Nossa Senhora, nas catacumbas de Priscila (imagem ao lado), sendo essa a mais antiga representação mariana na cristandade. Desde aquele tempo, a Igreja preservou esse costume de figurar a imagem dos santos para fazer lembrança daqueles que perseveraram na fé.

Mas e as Sagradas Escrituras? Ela não condena esculpir imagens? Muitas pessoas condenam os católicos baseando-se na passagem de Êxodo, no capítulo 20 e no versículo 4, em que Deus condena os homens esculpirem imagem de ídolos. Entretanto, no mesmo livro, Deus manda Moisés fazer a imagem de dois querubins de ouro e colocá-los por cima da Arca da Aliança (Ex 25, 18-20). É só prestar atenção e chegar à conclusão de que Deus proíbe a idolatria e não o uso de imagens. Outras passagens bíblicas mostram que a confecção de imagens foi incentivada (confira em Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29 e 2Cr 3,7).

Assim, ciente de tudo isso, é impossível ouvir falar de um católico consciente a profissão de que Nossa Senhora é a salvadora de sua vida; ou que tenha São José como milagreiro. Eles são criaturas. Deus é o único que pode fazer tais feitos. Somente a Deus deve estar direcionada toda a nossa adoração.

Não se culpe por ter uma imagem de um santo na sua casa ou no seu ambiente de trabalho. Isso não é uma ação pecaminosa. Deus não as proíbe - desde que você não a idolatre. A adoração deve se orientar ao nosso único e verdadeiro Senhor Deus e a “Ele a glória por toda a eternidade! Amém.” (Rm 11, 36).

Todos os santos e santas de Deus, rogai por nós!

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